Guarda de Notas Fiscais Eletrônicas (XML) Agora é De 11 Anos

17 de setembro de 2025
Guarda de Notas Fiscais Eletrônicas (XML) Agora é De 11 Anos

Guarda de Notas Fiscais eletrônicas (XML) agora é de 11 anos

O Ajuste SINIEF nº 2/2025 amplia para 132 meses o prazo de guarda de documentos fiscais eletrônicos. Portanto, a mudança impacta diretamente a gestão tributária, logística e operacional das empresas brasileiras.

Contexto da mudança

A legislação tributária sempre atribuiu ao contribuinte a responsabilidade pela guarda das Notas Fiscais eletrônicas (arquivos XML). Emitentes e destinatários precisam manter esses arquivos pelo prazo legal, que historicamente acompanhava a regra de decadência e prescrição de cinco anos.

No entanto, esse cenário mudou em abril de 2025, com a publicação do Ajuste SINIEF nº 2/2025, que ampliou a guarda mínima para 132 meses (11 anos). A regra passou a vigorar em 1º de maio de 2025 e, assim, amplia o horizonte de exposição das empresas em fiscalizações.

Em São Paulo, o novo prazo coincide com outra transformação: o fim do SAT-CF-e, estabelecido pela Portaria SRE nº 79/2024. A partir de então, em 1º de janeiro de 2026, o varejo paulista deverá emitir exclusivamente a NFC-e (modelo 65), regulamentada pela Portaria SRE nº 40/2024, que já reforça o dever de guarda dos arquivos digitais pelo prazo legal.

Dores e riscos que se intensificam

  1. Descontinuidade de sistemas
    Empresas que trocam de ERP ou fornecedores de tecnologia frequentemente perdem acesso aos XMLs antigos.
  2. Armazenamento frágil
    Backups em servidores locais, HDs externos ou nuvens sem política de retenção de longo prazo não garantem integridade por 11 anos.
  3. Volume crescente
    Grandes companhias lidam com milhões de documentos por ano. Assim, em onze anos, o acúmulo chega a dezenas de milhões de XMLs, que precisam estar íntegros e organizados, para que auditorias, fiscalizações ou processos de recuperação de créditos tributários.
  4. Dependência de terceiros
    Transportadoras, varejistas e indústrias dependem de parceiros para recuperar XMLs. Quando esse parceiro deixa de existir ou não oferece suporte retroativo, o risco se materializa.

A dificuldade da recuperação

Recuperar XMLs antigos é possível, mas raramente simples. O processo exige chaves de acesso, certificados digitais válidos e integração com diferentes portais autorizadores. Em casos críticos, pode significar reconstruir bases inteiras de documentos.

O verdadeiro desafio não é apenas guardar, mas também garantir que, em 2036, seja possível recuperar com segurança uma Nota Fiscal emitida em 2025.

Quadro comparativo — Antes x Depois da nova regra

Conclusão

O Ajuste SINIEF nº 2/2025, somado às mudanças em São Paulo com a substituição do SAT pela NFC-e, reforça uma realidade: a gestão de documentos fiscais eletrônicos exige políticas de longo prazo.

Portanto, não se trata apenas de cumprir uma obrigação legal. Guardar e recuperar XMLs com segurança significa também preservar a memória fiscal da empresa, reduzir riscos jurídicos e garantir resiliência operacional em um país onde a complexidade tributária já é, por si só, um desafio diário.

Empresas que se anteciparem e adotarem políticas de guarda de 11 anos estarão mais preparadas para enfrentar fiscalizações e imprevistos tecnológicos.